O consumo nacional de energia elétrica foi de 43.347 GWh em dezembro de 2022, crescimento de 1,0% em comparação com mesmo mês de 2021. A classe residencial (+4,6%) puxou a alta, seguida pela classe comercial (+1,7%), enquanto a indústria (-1,0%) experimentou retração no consumo. No acumulado em 12 meses o consumo nacional registrou 508.576 GWh, alta de 1,2% em comparação ao período imediatamente anterior.
Com 14.930 GWh, a classe industrial (-1,0%) experimentou em dezembro retração no consumo de eletricidade, o que não ocorria desde março. A região Sudeste (-3,7%) puxou a queda, seguido pelo Sul (-1,6%) e pelo Centro-Oeste (-0,8%). Por outro lado, Nordeste (+6,6%) e Norte (+5,2%) expandiram, atenuando a retração na classe. Seis dos dez setores mais eletrointensivos da indústria reduziram seus consumos. Porém, na média, os eletrointensivos se mantiveram praticamente estáveis, contribuindo pouco para a retração na classe industrial. Metalurgia (+186 GWh; +5,3%) foi o setor que mais expandiu, puxado pela cadeia do alumínio primário no Maranhão, principalmente, e no Pará. Contudo, a queda na produção siderúrgica nacional atenuou a alta no consumo de eletricidade na metalurgia. Também se destacou a fabricação de produtos alimentícios (+44 GWh; +2,2%), onde as altas nas exportações, principalmente de açúcares e melaços, podem ter alavancado o resultado do setor. Por outro lado, apresentaram as maiores quedas no consumo de eletricidade, entre os mais eletrointensivos da indústria: a fabricação de produtos químicos (-121 GWh; -7,4%), devido à paradas de manutenção em grandes unidades consumidoras no Sul e no Nordeste, além de fatores de mercado; a fabricação de produtos minerais não-metálicos (-68 GWh; -5,7%); e a fabricação de produtos têxteis (-43 GWh; -8,6%). Nos dois últimos, a queda no consumo de eletricidade acompanha o mercado de seus produtos.
A classe residencial consumiu 13.690 GWh em dezembro, crescimento de 4,6% em relação ao mesmo mês de 2021. O consumo avançou em comparação ao mês de novembro de 2022. Tarifas de energia elétrica mais módicas podem ter influenciado no aumento do consumo de energia elétrica das residências do Brasil, pois em dezembro de 2022, a tarifa não sofreu nenhum acréscimo, mantendo a bandeira tarifária verde. Já em dezembro de 2021, a bandeira utilizada nas tarifas era a de escassez hídrica, devido à crise hídrica que assolava o País no período. O consumo foi puxado, principalmente, pela região Sul (+9,6%), onde temperaturas mais elevadas e clima mais seco, resultado do fenômeno El Niño, contribuíram para o resultado. Norte (+6,3%), Sudeste (+4,9%), Centro-Oeste (+3,8%) e Nordeste (+0,3%) também apresentaram crescimento. Entre as Unidades da Federação, os maiores acréscimos foram no Rio Grande do Sul (+19,8%), Minas Gerais (+16,8%), Rondônia (+12,9%), Maranhão (+10,8%) e Alagoas (+9,8%). No Rio Grande do Sul, chuvas deficitárias e temperaturas acima da média, ultrapassando os 40ºC, favoreceu o alto avanço do consumo. Em Minas Gerais, se for considerado o ajuste pelo ciclo de faturamento da distribuidora local, a taxa de consumo do Estado seria muito menor (+7,1%). No Rio Grande do Sul, Maranhão e Alagoas, programas de redução de perdas aplicados pelas distribuidoras locais continuam influenciado de forma positiva o consumo nestes Estados. Em contrapartida, Pernambuco (-4,7%), Ceará (-4,2%), Mato Grosso do Sul (-4,2%), Rio Grande do Norte (-3,3%), Paraíba (-3,0%), Paraná (-1,3%) e Bahia (-0,9%) foram os únicos estados que apresentaram resultado negativo no consumo. Temperaturas mais baixas em relação ao mesmo mês do ano anterior contribuíram para a queda do consumo em quase todos estes Estados.
A classe comercial registrou 8.095 GWh em dezembro de 2022, aumento de 1,7% em comparação a dezembro de 2021. O bom comportamento do setor de serviços, e em grau bem menor, o setor de vendas do varejo, podem ter contribuído para o aumento do consumo na classe comercial. De acordo com os últimos dados da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS/IBGE), o setor de serviços teve alta de 6,3% em novembro de 2022, em relação ao mesmo mês do ano passado. O setor de transportes; serviços prestados às famílias, profissionais, administrativos e complementares; informação e comunicação e outros serviços podem ter impactado de forma mais relevante o crescimento do consumo. O setor de vendas varejo (PMC/IBGE) cresceu 1,5% no mesmo período. O setor de vendas de combustíveis e lubrificantes; artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria; móveis e eletrodomésticos; hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo e livros, jornais, revistas e papelaria. Norte (+4,8%), Sudeste e Sul (+3,4%, ambos) puxaram o resultado, enquanto Nordeste (-4,9%) e Centro-Oeste (-1,5%) tiveram retração no consumo. Entre os Estados, os maiores destaques na expansão no consumo no mês foram: Minas Gerais (+13,9%), Rondônia (+9,9%), Rio Grande do Sul (+8,6%), Amapá (+8,5%), Amazonas (+5,9%), Santa Catarina (+5,8%) e Roraima (+5,7%). Por outro lado, os Estados que apresentaram as maiores reduções foram: Maranhão (-11,6%), Rio Grande do Norte (-8,2%), Piauí (-7,5%), Ceará e Mato Grosso do Sul (-6,3%, ambos), Pernambuco (-5,2%) e Distrito Federal (-4,8%).
Quanto ao ambiente de contratação, o mercado livre apresentou crescimento de 2,5% no consumo do mês, enquanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica aumentou 0,1%.
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