O consumo nacional de eletricidade foi de 43.447 GWh em março de 2021, elevação de 6,0% em relação a março de 2020. Foi a maior taxa de consumo desde março de 2014 e o maior valor de consumo total registrado desde o início da série histórica da EPE, em 2004. Enquanto que, o consumo acumulado em 12 meses totalizou 478.339 GWh, retração de 0,5% comparada ao período de 12 meses anterior.
Todas as regiões geográficas do Brasil apresentaram alta no consumo de energia elétrica em março desse ano: Sudeste (+8,4%), Nordeste (+4,6%), Sul (+3,9%), Norte (+3,3%) e Centro-Oeste (+1,5%).
A classe industrial (+11,3%) apresentou a maior taxa de crescimento do consumo desde agosto de 2010 e registrou o maior consumo (15.685 GWh) desde dezembro de 2013. A classe tem apresentado taxas positivas desde agosto de 2020. O Sudeste (+12,1%) impulsionou a expansão do consumo industrial, adicionando 914 GWh neste mês, em relação a março de 2020. Já a região Norte (+13,1%) foi a que apresentou a maior taxa de crescimento. Demais regiões também elevaram seus consumos. Nos ramos da indústria, observa-se expansão do consumo disseminada entre todos os dez segmentos mais eletrointensivos. Conforme ocorre desde setembro do ano passado, metalurgia (+517 GWh; +15,8%) e produtos minerais não metálicos (+182 GWh; +18,2%) lideraram a classe. O bom desempenho em produtos minerais não metálicos está em linha com o aumento de 34,6% nas vendas de cimento em março, em comparação com igual período do ano anterior. Segundo o SNIC, os principais indutores do desempenho continuam sendo as condições climáticas favoráveis, a manutenção das obras imobiliárias e a autoconstrução, que ainda desempenha um papel relevante nas vendas de cimento. A expansão do consumo em metalurgia foi dividida entre metais não-ferrosos, em especial alumínio primário, e siderurgia. Segundo o Instituto Aço Brasil, em março de 2021 as vendas internas avançaram 41,9% em relação ao mesmo mês do ano passado, atingindo 2,1 milhões de toneladas, o melhor desempenho desde outubro de 2013. O Instituto Aço Brasil registra que a indústria brasileira do aço vem de forma recorrente aumentando suas vendas ao mercado interno, com volumes superiores ao período pré-pandêmico, atribuindo esta demanda a retomada dos setores consumidores e a formação de estoques defensivos à volatilidade do mercado ocasionado pelo aumento nos preços das commodities.
A classe residencial (+6,1%) registrou alta no consumo de energia elétrica em março. Todas as regiões tiveram aumento de consumo na classe, com destaque para as regiões Sudeste (+7,0%) e Sul (+7,2%). Temperaturas acima da média e clima mais seco em parte do território nacional contribuíram para o desempenho da classe no mês. No Sudeste, os estados do Rio de Janeiro (+9,5%) e São Paulo (+7,4%) foram os maiores destaques da região. Já, na região Sul, os estados de Santa Catarina (+14,2%) e Paraná (7,8%) puxaram a alta da classe no mês. A região Norte (+1,2%) continua sob a influência das chuvas acima do normal nos estados do Amazonas (-16,5%) e Acre (-0,1%).
A classe comercial (+1,4%) mostrou o primeiro resultado positivo na taxa de variação do consumo, depois da queda apresentada durante todo o ano de 2020. A região Sudeste (+6,9%) foi a única que anotou elevação no consumo no mês de março, que foi somente puxado pelo estado São Paulo (+14,0%). A temperatura mais elevada e a falta de chuvas em São Paulo contribuíram para o aumento substancial do consumo de energia elétrica no setor no estado. Apesar das outras regiões Norte (-9,5%), Centro-Oeste (-6,0%), Nordeste (-5,0%) e Sul (-2,1%) apresentarem retração no consumo da classe, a queda foi mais branda do que a registrada em fevereiro desse ano. No Sul, o destaque foi a expansão do consumo em Santa Catarina (+11,7%). Porém, expurgado o efeito do ciclo maior de faturamento, o aumento verificado no mês seria em torno de 6,8%.
Referente às modalidades de contratação de energia, tanto o mercado livre (+14,1%), quanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica (+1,8%), apresentaram expansão em março de 2021 em comparação com igual período no ano anterior. Ambas as modalidades registraram bons resultados, enquanto o mercado cativo anotou a primeira taxa positiva desde novembro do ano passado, o mercado livre registrou a maior taxa de expansão desde abril de 2018.
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