Atualmente, cerca de 86% da produção de gás natural brasileira é associada ao petróleo, e 84% tem origem offshore . Ou seja, a maior parte das reservas de gás natural está associada às reservas de petróleo e ambas são produzidas simultaneamente, fato que caracteriza a necessidade de que o gás natural seja produzido e consumido de forma regular, de modo a não prejudicar a produção de petróleo.
Na próxima década é previsto um aumento contínuo na produção de gás natural no Brasil, sustentado principalmente pela produção no ambiente offshore, com contribuição expressiva das acumulações do pré-sal, principalmente na Bacia de Campos e Santos Este aumento acompanha a tendência de crescimento da produção de petróleo, influenciada pela entrada dos módulos de produção previstos nos planos de negócios da Petrobras, companhias parceiras e demais operadores.
Assim, a monetização do gás natural, seja ele gás associado ou não associado, depende de uma série de fatores. No centro dessa discussão está a decisão de "afundar" investimentos em infraestrutura de escoamento e processamento de gás, lidando com riscos de oferta, de demanda e de preços. Neste contexto, diferentes tecnologias de aproveitamento para o excedente de gás natural podem ser avaliadas, como o escoamento do gás natural até uma unidade de processamento de gás natural (UPGN) na costa e posterior processamento, bem como as tecnologias embarcadas de aproveitamento de gás natural.
No caso das tecnologias embarcadas, destacam-se o FCNG (floating compressed natural gas), o FLNG (floating liquified natural gas), o FGTL (floating gas-to-liquids), além do GTW (gas-to-wire) offshore. As tecnologias FCNG e FLNG consistem na compressão e na liquefação offshore para monetização via GNC (gás natural comprimido) e GNL (gás natural liquefeito), respectivamente. Já o FGTL se refere à conversão do gás natural em petróleo sintético ou líquidos de alta qualidade, enquanto o GTW se baseia na conversão do gás em energia elétrica realizada em termelétrica offshore (GRANADA, 2017).
Este trabalho, então, tem por objetivo a apresentação das principais tecnologias para monetização de gás natural produzido em ambiente marítimo no Brasil, apresentando também estudos de caso que permitam avaliar cada uma das tecnologias estudadas e realizar uma análise comparativa destas alternativas para projetos offshore. São abordados os parâmetros técnicos das tecnologias para monetização de gás natural offshore, bem como seus custos e as diferentes características que podem apresentar dependendo das necessidades do projeto.
*06/11/2020 - publicada Revisão 1 com pequenos ajustes nos textos sob as equações [1], [2] e [3]