MME publica as diretrizes para o Leilão de Reserva de Capacidade, de 2021

​O Ministério de Minas e Energia (MME) publicou no Diário Oficial da União (DOU) de hoje, 18 de agosto, a Portaria com as Diretrizes do Leilão para Contratação de Potência Elétrica e de Energia Associada, denominado "Leilão de Reserva de Capacidade, de 2021", que será promovido no dia 21 de dezembro.

A definição de diretrizes para o Leilão está fundamentada nas alterações no marco legal promovidas pela Medida Provisória nº 998, de 1º de setembro de 2020, convertida na Lei 14.120, de 1º de março de 2021, do Decreto nº 10.707, de 28 de maio de 2021, que regulamentou a contratação de reserva de capacidade na forma de potência, bem como das contribuições recebidas na Consulta Pública nº 108, de 2021.

A notícia foi publicada no site do MME, neste link.

Todas as usinas candidatas a participar do Leilão de Reserva de Capacidade deverão se submeter ao processo de habilitação técnica pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), em que será verificado o cumprimento dos requisitos técnicos e formais, com o objetivo de reduzir os riscos quanto à viabilização dos projetos.

O que será contratado

O Leilão de Reserva de Capacidade de 2021 está baseado em estudos de planejamento que apontam para a necessidade de potência adicional no sistema para os próximos anos, de forma a garantir a confiabilidade no suprimento de energia elétrica.

Na prática, o leilão foi dimensionado para contratar capacidade de geração de energia a ser instalada e ficar disponível para ser acionada apenas nas horas em que o sistema elétrico precisa de um reforço extra para atendimento a picos de demanda, conforme decisões de despacho pelo ONS. Essas usinas diferem, portanto, das termelétricas chamadas "na base", que são planejadas para operar durante a maior parte do tempo.

O pagamento por essas usinas

Em razão dessa forma de operar, essas usinas são como um seguro para quando as outras fontes de geração estão em baixa e a demanda está alta. O pagamento por elas tem duas componentes:

  • os custos fixos, para cobrir os investimentos na construção e a manutenção da usina, funcionam como um aluguel para que fiquem disponíveis ao sistema, definidos em R$/ano;

  • os custos variáveis, para cobrir principalmente os custos com a compra de combustível, pagos apenas pelas horas em que a usina efetivamente precisou ser acionada. Os custos variáveis são conhecidos como CVU (custo variável unitário, em R$/MWh), refletindo o custo para cada unidade de energia gerada pela usina, quando a usina é chamada pelo ONS.

Como essas usinas entram no sistema para complementar as fontes renováveis, tais como hidrelétricas, eólicas, solares e usinas a biomassa, é esperado que sejam acionadas para atendimento aos picos de demanda e não para operarem durante a maior parte do tempo. Assim, como os custos variáveis existirão apenas nos momentos em que as usinas efetivamente precisarem ser acionadas, os custos fixos representam a parcela mais relevante dentro do custo total para o consumidor nesse tipo de contratação.

Logo, com a finalidade de contribuir para essa finalidade específica, são atrativas as usinas mais baratas para se construir e manter, e, portanto, com custos fixos mais baixos, que, em contrapartida, acabam tendo CVU mais elevados.

Para o Leilão de Reserva de Capacidade de 2021 foi estabelecido teto de R$ 600/MWh para o CVU dos agentes interessados em participar. Esse valor é maior do que os R$ 400/MWh definidos como teto para o Leilão de Energia Nova A-5 de 2021 para empreendimentos termelétricos a gás natural, pelas razões mencionadas acima. O maior teto para o CVU, dessa forma, permite maior oferta e competição no leilão, com disputa que permita a redução dos custos fixos, beneficiando o custo final para os consumidores.

Estudos embasam a decisão

A decisão de realizar o Leilão de Reserva de Capacidade de 2021 está baseada em estudos técnicos, com destaque para as necessidades apontadas no Plano Decenal de Expansão de Energia – PDE 2030, aprovado pelo MME em fevereiro de 2021. O plano passou por consulta pública e recebeu diversas contribuições.

O PDE apresenta expansão acentuada de fontes renováveis, com destaque para eólica e solar fotovoltaica, o que se justifica pela competitividade dessas fontes. Por outro lado, em razão da sazonalidade e variabilidade natural das fontes renováveis, combinada com o fato de não serem controláveis, foi identificada a necessidade de complementação para garantia do suprimento de potência, isto é, capacidade de geração a cada e qualquer instante, mesmo nos momentos mais críticos do sistema.

O Plano 2030 chama atenção ainda para os diversos modelos de negócio para geração termelétrica, apontando que tanto usinas flexíveis (sem obrigatoriedade contratual de geração mínima) como inflexíveis (geração compulsória) podem agregar segurança energética. A existência de ambiente amplamente competitivo é muito importante, razão pela qual esse tema tem sido contemplado na agenda do Governo Federal, especialmente no âmbito do Novo Mercado de Gás e da Modernização do Setor Elétrico.


Notícias Relacionadas

EPE recebe delegação do Cazaquistão para discutir temas sobre a transição energética no Brasil

10/05/2024 - Em 06 de maio de 2024, a EPE recebeu uma delegação do Cazaquistão para discutir temas sobre a transição energética no Brasil, em particular políticas e iniciativas de descarbonização do Brasil visando o net-zero, bem como o papel da nuclear na transição energética.

EPE divulga Nota Técnica "Roadmap para o fortalecimento da resiliência do setor elétrico em resposta às mudanças climáticas – Revisão Bibliográfica”

10/05/2024 - As questões relacionadas às mudanças climáticas vêm trazendo transformações na produção da energia, nos hábitos de consumo, na economia, na legislação e, consequentemente, na forma de planejar o sistema energético. Nesse sentido, projeções climáticas e seus potenciais impactos estão sendo discutidos e avaliados no planejamento de longo prazo do setor, auxiliando no desenvolvimento de um sistema capaz de manter suas funções em cenários adversos. Diante disso, a partir de uma revisão bibliográfica, esse trabalho pretende compreender melhor as relações entre as mudanças climáticas e o setor elétrico brasileiro. Com isso, espera-se formar uma base de conhecimento fundamental para aprofundar estudos e avaliações com foco em aumentar a resiliência do sistema.

EPE marca presença na OTC em Houston

06/05/2024 - A delegação da EPE formada pelo Presidente Thiago Prado, pela Diretora de Estudos do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Heloisa Borges, e por sua Assessora, Aline Santos, está em Houston (EUA) para representar a EPE num dos maiores eventos da indústria petrolífera global: a Offshore Technology Conference (OTC), que está sendo realizada em Houston (EUA), de 6 a 9 de maio.

Fact Sheet da EPE Avalia Preços do Gás Natural para Produção de Metanol

03/05/2024 - O recém-lançado Fact Sheet, elaborado pela EPE, apresenta uma análise simplificada sobre a viabilidade econômica da produção de metanol utilizando gás natural como matéria-prima. Este tipo de análise é importante porque hoje o país importa volumes crescentes deste importante produto químico. Parte significativa do metanol é utilizada para produzir o biodiesel, um biocombustível muito relevante para descarbonizar o transporte de cargas no país.

Informações sobre Garantias Físicas

03/05/2024 - A EPE é responsável pelo cálculo e revisão de garantia física da geração, seguindo metodologias e critérios definidos pelo Ministério de Minas e Energia, e disponibiliza publicamente as notas técnicas que registram os cálculos realizados.