
Protocolo de intenções cria um marco para atuação conjunta de ambas as entidades, parceiras há alguns anos na busca de capital para o fortalecimento do setor no Brasil
No momento em que todos os olhares se voltam para as discussões ambientais e questões relacionadas a segurança e transição energéticas combinadas com a necessidade de segurança energética, o Brasil dá mais um passo para o aperfeiçoamento de seu sistema, que foi destino de cerca de 38% dos investimentos estrangeiros entre 2019 e 2021. Com o objetivo de ampliar os esforços conjuntos de atração de investimentos investimentos estrangeiros para impulsionar o setor de energia nacional, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) assinou na tarde desta quarta-feira (9) um protocolo de intenções com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Participaram da solenidade, realizada na sede da Agência, em Brasília, os presidentes da ApexBrasil, Augusto Pestana, e da EPE, Thiago Barral, além da gerente de Investimentos da ApexBrasil, Helena Bonna Brandão, e da diretora de Petróleo, Gás e Combustíveis da EPE, Heloisa Borges.
Segundo o presidente da ApexBrasil, o Brasil está bem posicionado nesta área, dada a variedade de suas fontes e o planejamento realizado para garantir o abastecimento nacional de energia nos últimos 20 anos: “o Brasil é um prodígio na variedade de fontes energéticas. Temos petróleo, gás, biocombustíveis, energia eólica, solar e ainda estamos crescendo em hidrogênio verde, enfim, somos muito abundantes”, concluiu.
Já o presidente da EPE apontou para a importância de aproveitar as sinergias da importante indústria de petróleo e gás natural estabelecida no país com o crescente mercado para energias limpas. “A indústria de óleo e gás é vital para a segurança energética, mas também um motor de inovação e investimentos na descarbonização”. Barral lembrou ainda que a pegada de carbono do petróleo brasileiro é menor que a média mundial e dessa forma pode ser útil para melhorar o orçamento de carbono global até 2050.
Formalização e complementaridade
O protocolo se destina a criar um marco para atuação conjunta de ambas as instituições, parceria que, segundo Barral, já acontece há anos. “As missões institucionais da ApexBrasil e da EPE são convergentes em vários pontos e isso nos possibilitou agir conjuntamente em diversas ocasiões. Esse protocolo vem formalizar essa parceria e abrir novas possibilidades”, comentou. O Portfólio de Investimentos em Petróleo & Gás 2022 é um dos frutos da cooperação entre as instituições. O documento, elaborado em inglês, traz informações qualificadas de alto nível sobre oportunidades de investimento em 61 projetos de infraestrutura brasileiros, tendo como público-alvo os investidores estrangeiros. Ambas as instituições também colaboraram em importantes eventos do setor energético como a Rio Oil & Gas, o maior fórum deste segmento na América Latina, a Offshore Technology Conference (OTC), realizada nos Estados Unidos, e a Adipec, um dos principais eventos de energia do Oriente Médio.
Segundo Heloísa, a EPE, por ser uma empresa de pesquisa, tem a oportunidade de contribuir com conhecimentos técnicos referentes a oportunidades de investimentos, por exemplo, para algumas das ações empreendidas pela ApexBrasil. “Por outro lado, a ApexBrasil oferece uma ampla plataforma para expormos esses conteúdos o que, para a EPE, é extremamente positivo, além do portfólio de investidores que a Agência tem e da relação estreita com diversos mercados internacionais. Ou seja, temos muitas sinergias”, disse ela. Dentre elas, segundo Helena Brandão, a ApexBrasil está aperfeiçoando o site Invest in Brasil para atrair ainda mais investidores, com informações setoriais que facilitem a decisão de investir no país.
Futuro promissor
O setor de Petróleo & Gás é responsável por cerca de 15% do PIB industrial do Brasil que é, atualmente, o 9º maior produtor de petróleo do mundo, conforme dados do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP). Além disso, em 2022, a produção de energia solar e eólica chegou a números recordes, de 14 GW e 22 GW, respectivamente. Somados, ambos os montantes são suficientes para fornecer energia limpa para mais de 40 milhões de brasileiros. Para impulsionar ainda mais o setor, uma portaria interministerial, publicada pelos Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente, permite a ampliação da exploração das energias eólicas marinhas, chamadas de offshore. O Brasil tem potencial para gerar 700 GW em alto mar, equivalentes à energia gerada por 50 usinas de Itaipu Binacional.
Outra área que tem se desenvolvido rapidamente é o hidrogênio de baixo carbono. Durante a cerimônia de assinatura do acordo, Pestana destacou que tem se surpreendido com a velocidade do crescimento e desenvolvimento do tema, em um setor que é super planejado e que, em média, leva alguns anos, até décadas para desenvolver novas iniciativas. “O mundo é movido por tecnologia e desenvolvimento, a idade da pedra não acabou por falta de insumo. Então, precisamos estar atentos e abertos a essas mudanças e a EPE tem muito a colaborar nesse sentido”, disse o presidente. Ao final da reunião, os participantes comentaram sobre as oportunidades para 2023 e falaram sobre a necessidade de se adiantarem e já se prepararem para o ano vindouro, por meio de um workshop a fim de delinear as ações conjuntas.