Foi inaugurado nesta quinta-feira, 23, o primeiro sistema de energia em baterias em larga escala do país, em Registro, São Paulo. O evento contou com os representantes da ANEEL, o diretor-geral Sandoval Feitosa, o diretor Ricardo Tili e o superintendente de Concessões, Permissões e Autorizações de Transmissão e Distribuição, Ivo Sechi Nazareno. A EPE foi representada pelo analista de pesquisa energética Fábio de Almeida Rocha (DEE/STE).
O projeto foi pensado para atuar como um reforço à rede elétrica, em horários de pico de consumo, como ocorre no verão. Energizado desde novembro de 2022, e já realizou o primeiro peak shaving – a primeira descarga de energia armazenada no sistema de transmissão.
Seu funcionamento conta como reserva de capacidade, fornecendo energia em momentos de baixa geração de outras fontes e de aumento da demanda, e colaborando em serviços ancilares, como controle de frequência e autorrestabelecimento, minimizando o impacto da de fontes intermitentes, como eólica e solar. Além das baterias, o escopo do projeto traz inversores, transformadores, softwares de gestão de energia e sistemas de automação, proteção e controle para evitar aquecimento.
O sistema de armazenamento de energia em baterias foi uma solução proposta pela empresa em apoio aos estudos do planejamento setorial, para evitar o acionamento de geradores a diesel. Segundo cálculos da companhia, a tecnologia em dois anos evitará a emissão de 1.194 toneladas de gases de efeito estufa (GEE), e a realização de obras em áreas de preservação ambiental, como o Parque Estadual da Serra do Mar, próximo ao local de instalação do sistema.
Na visão da companhia, o projeto pode servir como um laboratório de inovação setorial, com promoção de debates sobre o armazenamento de energia, em razão da capacidade de resposta imediata e da flexibilidade operativa das baterias, colaborando para reduzir os custos de operação e expansão do sistema.
O projeto da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (ISA CTEEP) conta com 30 MW de potência, capazes de entregar 60 MWh de energia por duas horas, tendo vida útil de 17 anos. Para a operação, a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) definiu, por meio da Resolução Autorizativa 10.892/2021, uma Receita Anual Permitida (RAP) de R$ 27 milhões e previsão de investimento da ordem de R$ 146 milhões. O sistema beneficiará cerca de 2 milhões de consumidores do litoral Sul do estado de São Paulo.
Na inauguração, o diretor-geral da ANEEL ressalta a importância da iniciativa. "Sempre aberta à inovação, a ANEEL tem uma agenda sintonizada com a modernização do setor elétrico e a transição energética. Com maior inserção das fontes eólica e solar e da geração distribuída, precisaremos cada vez mais da utilização de inovadores recursos de armazenamento como este para o equilíbrio entre oferta e demanda", destaca Feitosa.
Para Rui Chammas, diretor-presidente da transmissora, os sistemas de armazenamento devem desempenhar um papel importante na transição energética, contribuindo para a descarbonização, descentralização e a digitalização do setor elétrico. "A tecnologia é essencial nessa jornada, porque facilita a inserção de fontes renováveis, na medida em que atua na compensação da variabilidade de geração de energia intermitente, o que permite elevar a integração das fontes eólica e solar ao Sistema Interligado Nacional (SIN) e, por consequência, reduzir as emissões de gases de efeito estufa", afirma o executivo.
Já Gentil Nogueira de Sá, secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), disse que a pasta está "aberta" para novas soluções tecnológicas e inovações no setor.
Fábio Rocha, analista da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), afirmou que a entidade está procurando outros pontos no Brasil para usar o sistema de armazenamento de energia.
Também estiveram presentes no evento de inauguração o diretor de Operação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Christiano Vieira, além do prefeito da cidade de Registro, Nilton Hirota, e da subsecretária de Energia do Governo do Estado de São Paulo, Marisa Barros.

Foto: Divulgação ANEEL