O consumo nacional de eletricidade expande em agosto de 2021, registrando 40.593 GWh, o maior valor para o mês em toda a série histórica, desde 2004. A taxa mensal apontou elevação de 3,6% em relação a agosto de 2020. Destacaram-se as classes comercial e industrial, que puxaram o crescimento. O consumo acumulado em 12 meses totalizou 497.242 GWh, expansão de 5,4% comparada ao período anterior. Com exceção do Centro-Oeste (-0,5%), todas as regiões geográficas do Brasil aumentaram seu consumo de energia elétrica em agosto. Foram destaques o Nordeste (+8,7%) e o Sul (+7,4%), seguidos por Norte (+4,3%), e Sudeste (+1,2%).
A indústria (+5,7%) cresce na comparação interanual e anota consumo de 15.352 GWh, o maior para agosto desde 2014, porém se mantém no patamar de 15 TWh desde março. O efeito base baixa devido à pandemia em 2020, que vinha impulsionando as taxas desde março, cessa e a taxa de crescimento em agosto não é mais alavancada pelo efeito estatístico. Cabe lembrar que em agosto de 2020, com o reaquecimento da atividade industrial após o momento mais agudo da pandemia no 2° trimestre, a classe iniciava a série de taxas positivas de expansão do consumo que perdura ainda hoje. Quanto às regiões geográficas, o Nordeste (+10,0%) apresentou a maior taxa de expansão do consumo industrial no mês, seguido por Sul (+7,5%), Norte (+4,9%) e Sudeste (+4,8%). Centro-Oeste (0,0%) em estabilidade. Entre os estados, destaque para Alagoas (+97,1%), alavancado pelo efeito base no setor químico. Todos os dez segmentos mais eletrointensivos da indústria aumentaram o consumo em agosto, em comparação com igual período de 2020. Destaque para fabricação de produtos químicos (+229 GWh), em especial cloro-soda (Sudeste e Nordeste), resinas termoplásticas (Sudeste) e fertilizantes (Nordeste); e metalurgia (+223 GWh), impulsionada por alumínio primário e siderurgia no Sudeste e Norte.
A classe comercial (+8,1%) apresentou crescimento em agosto de 2021, registrando consumo de eletricidade de 6.755 GWh. Porém, o montante ainda continua abaixo do que foi verificado em agosto de 2019, anterior à pandemia de COVID-19. O setor de vendas do varejo e de serviços no País continuam em expansão. De acordo com os indicadores econômicos mais recentes do IBGE, na comparação de agosto de 2021 com agosto de 2020, o volume de vendas do varejo ampliou 5,7%, e o volume de serviços cresceu 17,8%. O destaque nas vendas do varejo foi no setor de tecidos, vestuário e calçados e outros artigos de uso pessoal e doméstico. Já o comércio varejista ampliado foi puxado por veículos. O setor de serviços tem se recuperado gradativamente com o avanço da vacinação e as medidas de flexibilização de distanciamento social. O segmento de hotéis e restaurantes tem apresentado crescimento, apesar de ainda não ter retomado ao patamar pré-pandemia da COVID-19. Todas as regiões registraram aumento no consumo da classe. A região Nordeste (+15,0%) anotou a maior taxa de expansão do consumo comercial no mês, seguida pelo Norte (+13,9%), Sul (+13,0%), Sudeste (+4,3%) e Centro-Oeste (+3,2%). Entre as Unidades da Federação, as maiores taxas de consumo da classe no país foram registradas no Amazonas (+34,1%), Piauí (+28,1%) e Bahia (+18,9%). Por outro lado, os estados de Mato Grosso do Sul (-19,3%) e Rondônia (-3,1%) foram os únicos que tiveram queda do consumo.
A classe residencial (-0,6%) registrou ligeira redução em agosto em comparação ao mesmo mês de 2020. O retorno progressivo da população às atividades presencias tem cooperado para a trajetória de queda de consumo das residências do País. As regiões Sudeste e Centro-Oeste (-4,3% para ambas) foram as que puxaram a queda do consumo das residências. Clima mais frio no estado do Rio de Janeiro (-9,6%) e o aumento das chuvas no Espírito Santo (-4,4%) podem ter contribuído para o resultado da região. E, no Centro-Oeste, o estado do Mato Grosso do Sul (-8,6%) foi afetado por temperaturas abaixo da média. Já as outras regiões do País apresentaram aumento do consumo de energia da classe. O maior destaque foi a região Sul (+4,6%), seguida do Nordeste (+4,4%) e do Norte (+2,9%). No Sul, o clima mais seco em Santa Catarina (+9,5%) e no Paraná (+5,2%) pode ter influenciado aumento de consumo da região. No Nordeste, entre os três maiores mercados da região, Ceará (+7,3%) apresentou a maior expansão do consumo. E por último, na região Norte, os estados de Amapá (+24,1%) e Roraima (+21,6%) foram os que registraram as maiores taxas, reflexo em grande parte da ocorrência do clima mais seco.
Já isentos de contribuição do efeito base baixa de 2020, o mercado livre apresentou alta de 11,2% no consumo no mês, enquanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica retraiu 0,8%. Quanto ao resultado do mercado cativo, além da migração de consumidores para o mercado livre, também influenciou a retração do consumo na classe residencial.
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