Ponto de convergência é descarbonização do setor energético, impulsionada pela maior adoção de tecnologias de baixa emissão, principalmente solar e eólica
"Sinergia" foi o sentimento que predominou no segundo dia da Capacitação em Transição Energética, realizada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) em parceria com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
Após um primeiro encontro na semana passada, no qual foram apresentados cadernos da EPE sobre combustíveis na transição, equipes de ambas as empresas voltaram a se reunir no auditório da Finep na quarta-feira, 5 – dessa vez, para a Finep tratar de sua atuação mais recente e de sua carteira de projetos e para a EPE, por sua vez, abordar resiliência energética e seus planos de longo prazo.
Analistas da EPE e da Finep reuniram-se no auditório da Financiadora, no Rio de Janeiro, para seminário de Capacitação em Transição Energética
Novidades instigantes
Tecnologias inovadoras deram o tom da exposição sobre dezenas de projetos apoiados pela Finep, inclusive no âmbito dos combustíveis sustentáveis, da geração, armazenamento, transmissão e distribuição de energia, do hidrogênio de baixa emissão de carbono, da captura de carbono e da mobilidade verde, entre outros temas. "Hoje temos lidado aqui com projetos que são a fronteira do conhecimento no Brasil, muitas vezes no mundo. Vocês também terem clareza do que está acontecendo na ponta certamente é importante para todo o trabalho de planejamento", opinou Newton Hamatsu, Superintendente da Área de Transição Energética e Infraestrutura na Finep.
Também foram detalhados os principais instrumentos da Finep para o apoio a projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), que incluem a destinação de recursos não reembolsáveis a Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs), subvenções, investimentos e crédito. De acordo com Paulo Resende, Gerente do Departamento de Transição Energética da Finep, a Financiadora tem estimulado a formação de projetos em rede, com menor contrapartida exigida e maiores valores totais, além de focar em desafios tecnológicos priorizados pela Nova Indústria Brasileira (NIB), tais como agroindústria, saúde, mobilidade, energias renováveis, bioeconomia, aviação, tecnologias digitais e semicondutores.
Mudanças climáticas e resiliência
Na sequência, o Analista de Pesquisa Energética Gustavo Schmidt, da Superintendência de Meio Ambiente (SMA) da EPE, apresentou o
Roadmap para o Fortalecimento da Resiliência do Setor Elétrico em Resposta às Mudanças Climáticas. O documento compila, entre outras informações, as perspectivas para o Brasil com as mudanças climáticas e seus potenciais impactos do sistema elétrico, no que se refere à disponibilidade de recursos, eficiência de equipamentos, demanda por eletricidade e riscos às infraestruturas.
Transição justa e inclusiva
Para fechar o seminário, a EPE trouxe ainda apresentações sobre o
Plano Decenal de Expansão de Energia 2034, com perspectivas da expansão do setor energético para os próximos 10 anos, considerando uma visão integrada para as diversas fontes de energia, e o
Plano Nacional de Energia 2055, com horizonte de 30 anos, orientando tendências e balizando as alternativas de expansão.
Patrícia Nunes, coordenadora executiva do PDE, destacou a necessidade de uma transição energética justa e inclusiva: "Não adianta fazer uma transição com melhores tecnologias se não conseguirmos carregar a sociedade junto. Na verdade, o que estaríamos construindo seria mais um abismo do que uma transição efetiva. Então, no PDE, começamos uma discussão bastante rica relacionada à conceituação, que entendemos como uma base importante para essa discussão avançar."
Minerais na transição energética
Em seguida, a Analista de Pesquisa Energética Marina Klostermann, da Superintendência de Estudos Econômicos e Energéticos (SEE) da EPE, trouxe um recorte dos estudos do PDE sobre minerais estratégicos para a transição energética, que, "conforme os estudos analisados, exigirá um aumento significativo na demanda por minerais, com o crescimento da eletrificação do transporte, a expansão da geração de energia solar e eólica e o aumento das estruturas de transmissão e distribuição".
Cenários para 2055
Por fim, os Analistas de Pesquisa Energética Camila Ferraz e Lidiane Modesto, da SEE, e Filipe Silva, da Superintendência de Derivados de Petróleo e Biocombustíveis (SDB), apresentaram o
estudo de Cenários Energéticos. Elaborado pela EPE em preparação para o PNE 2055 – documento quinquenal que terá sua próxima edição publicada ainda este ano – o caderno constrói cenários futuros de forma qualitativa e colaborativa, para posterior quantificação e formulação de estratégias.
Publicado em 7 de fevereiro de 2025 e atualizado em 12 de fevereiro de 2025