Mudanças climáticas e Transição energética

      [Por que a temperatura média da Terra está aumentando?] [O que energia tem a ver com aquecimento global?]

[O que precisamos fazer para combater as mudanças climáticas?] [A energia do futuro: pensando na Transição Energética]

 

Mascote Brent barril de petróleo

A temperatura média do planeta Terra aumentou em torno de 0,5°C nos últimos 100 anos e cientistas estimam que deva aumentar em 4°C até o final desse século. E quais poderão ser as consequências disso?

O aumento da temperatura média do planeta tende a alterar as condições climáticas (circulação atmosférica, chuvas e secas), provocando mudanças nas diferentes regiões do globo:


Períodos secos mais extremos em alguns locais podem levar à escassez de água, essencial para a vida Chuvas mais intensas em outros locais podem causar enchentes que levam tudo que está pela frente

Derretimento das calotas polares prejudica animais como os ursos polares e aumenta o nível do mar Aumento do nível do mar pode causar enchentes em cidades costeiras e até destruir algumas delas Aparecimento de bactérias mais resistentes e danosas que podem causar muitas doenças


Por que a temperatura média da Terra está aumentando?

Para grande parte dos cientistas, a temperatura média do planeta está aumentando porque as atividades humanas estão emitindo para a atmosfera grande quantidade de gases de efeito estufa (GEE).

Mascote Watt raio amarelo tomando solOs GEE são importantes para o equilíbrio climático do planeta, pois são compostos gasosos que aprisionam calor na atmosfera, o que é fundamental para a vida por aqui. Se não existissem esses gases na atmosfera a temperatura do planeta seria tão baixa que impediria a existência de boa parte dos seres vivos que conhecemos atualmente.

De acordo com os cientistas, o problema é que estamos emitindo gases de efeito estufa (GEE) num ritmo muito acelerado, causando grande desequilíbrio e assim promovendo um aquecimento acentuado num período curto de tempo. Esse fenômeno teve início na Revolução Industrial, quando a humanidade passou a utilizar mais intensamente os combustíveis fósseis para movimentar suas máquinas e desde então, as emissões de GEE têm aumentado cada vez mais, elevando a temperatura média do planeta.

carvão gás natural e petróleo

Os combustíveis fósseis são o carvão mineral, os derivados de petróleo (como a gasolina e o óleo diesel) e o gás natural. Os principais GEE emitidos na queima desses combustíveis são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4), o óxido nitroso (N2O) e o vapor de água (H2O). O CO2, também chamado de gás carbônico, é o GEE mais relevante, por estar em maior volume nessas emissões.


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O que energia tem a ver com aquecimento global?

Muitas das atividades humanas atuais utilizam energia e a maior parte dessa energia provém da queima de combustíveis fósseis. No mundo, a principal fonte de geração de energia elétrica é o carvão. No transporte, a energia para movimentar os veículos vem, principalmente, da queima de gasolina e óleo diesel. Na indústria, utiliza-se muito o gás natural e outros derivados de petróleo como o óleo combustível. Toda essa queima de combustíveis fósseis emite grande quantidade de GEE para a atmosfera. No Brasil, as emissões de GEE estão mais relacionadas à mudança no uso da terra (desmatamento e queimadas). A agropecuária aparece em segundo lugar e em seguida a energia.

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O que precisamos fazer para combater as mudanças climáticas?

Além de combater o desmatamento e as queimadas, a solução passa pela adoção de tecnologias que possam minimizar as emissões de GEE para a atmosfera, inclusive pela substituição dos combustíveis fósseis por outras fontes energéticas. O grande desafio é o fato de nossa sociedade ser muito dependente de energia. Usamos em tudo: na nossa casa, nas escolas, nos escritórios, nos carros, nos ônibus, aviões, empresas e indústrias.

hidro, biocombustíveis, eólica e solarDiante disso, representantes eleitos pela sociedade, empresas e universidades estão buscando formas alternativas de energia que não contribuam para as emissões de GEE. Nós também podemos fazer a nossa parte, repensando nossos hábitos culturais e de consumo.

O consumidor acostumou-se a usar a energia sem ao menos pensar em como ela é gerada, seus impactos ambientais e, muito menos, levando em conta que ela precisa ser usada de forma consciente e eficiente.

Baseado nos seus hábitos diários de consumo (alimentação, transporte e consumo de energia em casa), você pode calcular suas emissões de GEE em sites na internet (pegada de carbono).

No Brasil, a maior parte da energia elétrica que consumimos é gerada em usinas hidrelétricas, que é uma fonte de energia renovável e com baixas emissões de GEE. Isso faz com que nossa matriz elétrica emita pouco GEE comparada com a de outros países.

Porém, como as hidrelétricas dependem de chuva para que os rios tenham água suficiente para movimentar as turbinas, em períodos de pouca chuva, é necessário acionar termelétricas movidas a combustíveis fósseis para não faltar energia. O acionamento de termelétricas encarece nossas contas de luz e aumenta nossas emissões de gases de estufa (como você viu em Fontes de Energia: Energia Hidráulica - Bandeiras Tarifárias).

hidrelétrica térmica

Então, como podemos reduzir nossa pegada de carbono?

Além das "Dicas para o uso consciente da energia" que você viu em Eficiência Energética e em Infográficos, podemos mudar nossos hábitos e nossa rotina, por exemplo:

  • Usando menos energia no nosso dia a dia!
  • Usando mais bicicleta do que carros!
  • Plantando árvores*!

* Árvores nas cidades ajudam a reduzir a temperatura e a poluição do ar, o ruído e o risco de inundações.

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Você sabia?


Esforços internacionais contra as mudanças climáticas

O Brasil faz parte de acordos internacionais (com outros países) para combater as mudanças climáticas. Por exemplo, alguns cientistas brasileiros participam do IPCC (Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas), um grupo de pesquisadores que estuda e acompanha as mudanças climáticas globais. O IPCC é um painel da Organização das Nações Unidas (ONU), talvez você já tenha ouvido falar. É um “organismo multilateral”, ou seja, uma oportunidade para que diferentes países conversem e ajam para ajudar um país que esteja precisando ou sobre questões que afetam a todos, como as mudanças climáticas.
O combate às mudanças climáticas também está inserido na resolução “Transformando nosso mundo: Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável” ou apenas “Agenda 2030” como é chamada. Essa resolução foi adotada pelo Brasil junto aos demais estados membros da ONU (193 países e territórios). A Agenda 2030 definiu 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O ODS13 propõe: “Ação contra a mudança global do clima: Adotar medidas urgentes para combater as alterações climáticas e os seus impactos” e o ODS7 propõe “Energia limpa e acessível: Garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e modernas para todos.” A meta é alcançar os objetivos até 2030 e a EPE participa do grupo de trabalho que ajusta o objetivo global à realidade brasileira. 
 17 objetivos globais. Não deixar ninguém pra trás! Nações Unidas Brasil




A energia do futuro: pensando na Transição Energética

Você acabou de aprender que as alterações climáticas globais estão muito ligadas às emissões de gases de efeito estufa (GEE) pela queima de combustíveis fósseis. No mundo, as preocupações com o clima reforçaram uma série de reflexões e iniciativas em direção a uma Transição Energética, ou seja, uma transformação na Matriz energética. Para que ocorra essa transição, os países estão focados em diminuir a participação de fontes fósseis em suas matrizes, bem como promover ações para aumentar a eficiência energética, o armazenamento de energia e estimular fontes que não emitam GEE na sua operação (relembre em Fontes de energia). Também têm sido adotadas tecnologias de remoção de carbono emitido (como, por exemplo, a captura, armazenamento e uso de carbono e compensação florestal). Nesse sentido, a tendência é de que o mundo diminua o uso de fontes não renováveis ou emissoras, especialmente o carvão, o óleo combustível e o óleo diesel na geração de eletricidade e aumente o uso das fontes renováveis e não emissoras, como eólica, solar, bioenergia (biocombustíveis líquidos e termelétricas à biomassa e resíduos), hidráulica e nuclear. Outras possibilidades que se tem discutido bastante são: o uso de Hidrogênio renovável ou de zero-carbono (em especial o Hidrogênio verde e o azul) em vários processos industriais e o uso de grandes Baterias para armazenamento de energia (relembre sobre as baterias em Formas de energia).

A Transição Energética acarreta também profundas alterações na base tecnológica, nos padrões de consumo e nas relações socioeconômicas e ambientais, com redução e reaproveitamento de resíduos (veja o conceito de economia circular). A própria relação tempo-espaço tende a ser modificada pelo avanço tecnológico. Por exemplo, com a possibilidade de trabalho remoto, espera-se uma alteração no consumo de energia pelos setores comercial e residencial. A Transição Energética traz também alterações relevantes na geopolítica global da energia, colocando desafios e oportunidades para os diferentes países do mundo. A atual Transição Energética é caracterizada pela Descarbonização, Descentralização e Digitalização (3 Ds). A Descarbonização foca nas emissões de carbono, a Descentralização na geração de energia próxima ao consumidor e a Digitalização significa transformação digital, tanto de documentos, quanto de atividades e serviços. Há quem adicione mais um D, de Design, ou seja, melhorar o desenho de edificações e veículos, para aumentar a Eficiência Energética.

No Brasil, o setor energético não é o principal responsável pelas emissões de GEE. Além disso, nossa Matriz energética e, principalmente, nossa Matriz elétrica, têm maior participação de energias renováveis e zero carbono que as matrizes mundiais. No sentido de manter a alta renovabilidade da Matriz elétrica brasileira, as fontes eólica e solar têm aumentado sua contribuição na geração elétrica do país. Devido à variação na disponibilidade de vento e sol, a eletricidade gerada por essas fontes também varia. Por isso, entende-se que as termelétricas ainda são importantes para garantir estabilidade ao sistema elétrico, pela possibilidade de serem acionadas de forma mais imediata. Nesse contexto, um combustível que vem sendo cada vez mais utilizado para termelétricas é o gás natural que, apesar de ser um combustível fóssil, sua queima emite menos GEE que a queima de óleo e carvão e por isso ele representa um combustível de Transição Energética. Com a difusão do uso do biometano e do Hidrogênio, o gás natural poderá ser substituído por estes combustíveis renováveis, criando uma trajetória progressiva de sustentabilidade ao longo do tempo.

Um dos nossos maiores desafios está no setor de transportes, que utiliza principalmente combustíveis fósseis. Para reduzir as emissões de GEE desse setor no Brasil, uma das iniciativas é o estímulo ao uso de biocombustíveis (relembre etanol e biodiesel e aprenda sobre o RenovaBio). Também são discutidos os veículos elétricos, como o ônibus elétrico, que não emitem GEE no seu funcionamento. Também se encontra em elaboração o programa Combustível do Futuro, que propõe medidas para incrementar o uso de combustíveis sustentáveis e de baixa intensidade de carbono. Além disso, nos últimos anos houve avanços em Eficiência energética nos setores que mais consomem energia: transportes e industrial.

Por fim, é importante mencionar também que a Transição Energética terá que ser justa e inclusiva para ter sucesso, considerando as prioridades e as possibilidades de cada país, alinhadas com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


Você sabia?



Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono – CCUS

O termo CCUS vem do inglês - Carbon capture, utilization and storage, que significa Captura, Utilização e Armazenamento de Carbono. É um conjunto de tecnologias projetadas para capturar dióxido de carbono (CO2) e descarbonizar atividades para as quais não há alternativa de baixo carbono no médio prazo, como por exemplo emissões industriais. Essas tecnologias são peças-chave para que as metas definidas em Acordos Internacionais sejam alcançadas, mantendo a segurança energética, enquanto as alternativas relacionadas a fontes renováveis ampliam seu alcance na sociedade.
A captura de CO2 é realizada através do uso de filtros especiais acoplados à saída de gases de plantas industriais, como por exemplo termelétricas que utilizam combustíveis fósseis. Outro uso desses filtros é nas usinas produtoras de etanol, pois um dos sub-produtos da fermentação do caldo da cana-de-açúcar (ou do amido milho) é o CO2. Após a captura, o gás precisa ser transportado, por meio de dutos, caminhões, trens ou barcaças, até as formações geológicas onde serão armazenados ou até aos sítios em que serão utilizados como um recurso na fabricação de outros produtos. O CO2 capturado poderá ser utilizado, por exemplo, para a obtenção de e-fuels (combustíveis alternativos produzidos a partir de hidrogênio e CO2), na produção de plásticos e para a carbonatação de concreto. 
Apesar da importância no contexto da transição energética, as tecnologias de CCUS ainda estão em desenvolvimento para que possam ser utilizadas em maior escala. Além disso, não permitem que todas as emissões sejam capturadas e, por isso, não podem substituir a eficiência energética e a redução das emissões nos processos industriais, que devem continuar sendo a prioridade no processo de descarbonização
Vale lembrar que o reflorestamento é uma técnica de captura de carbono, em que o CO2, através da fotossíntese, é incorporado como biomassa das árvores, que, mantidas em pé, configuram um estoque de carbono.
Aprofunde seu conhecimento sobre CCUS com esse fact sheet.



Dica: ouça nosso podcast com histórias e conversas sobre transição energética ;)


Até a próxima!

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