Uso de Ar Condicionado no Setor Residencial Brasileiro: Perspectivas e contribuições para o avanço em eficiência energética

A energia utilizada para o conforto térmico é o uso final em edifícios que mais cresce no mundo. No Brasil, apenas no setor residencial, estima-se que a posse de ar-condicionado pelas famílias tenha mais que duplicado entre 2005 e 2017. Apesar do grande impulso das vendas na última década, a penetração desse tipo de aparelho ainda é relativamente baixa nas residências brasileiras, sugerindo a existência de uma demanda potencial por condicionamento de ar que deverá ser atendida no futuro.

A demanda crescente por climatização artificial insere grande impacto sobre o sistema elétrico do país. O aumento das cargas de condicionadores de ar eleva não apenas as necessidades gerais de eletricidade, mas também a necessidade de geração e distribuição para atender a demanda nos horários de pico, adicionado maior impacto sobre o sistema energético nacional.

Atualmente, existe uma grande oportunidade de reduzir o crescimento da demanda elétrica devido ao uso de condicionadores de ar por meio de políticas de eficiência energética. Existem muitas ações que podem ser tomadas, uma delas, e que apresenta a capacidade de reduzir rapidamente a demanda potencial por energia, são os índices mínimos de eficiência energética. Nesse sentido, há que se reconhecer a importância da recente aprovação de novos índices mínimos do coeficiente de eficiência energética (W/W) para condicionadores de ar tipo split para 3,02 W/W e do tipo janela de 2,65 a 2,94 W/W conforme a capacidade de refrigeração, determinada na Portaria Interministerial MME/MCT/MDIC nº 2 de 31 de julho de 2018.

Na nota técnica Uso de Ar Condicionado no Setor Residencial Brasileiro: Perspectivas e contribuições para o avanço em eficiência energética, a EPE apresenta cenários de consumo de eletricidade por condicionadores de ar residenciais no Brasil até 2035. Considerando apenas as políticas já divulgadas pelo governo, como a implementação das revisões de índices mínimos de eficiência energética até 2020, a EPE estima que a demanda por eletricidade devido ao uso de condicionadores de ar pelas famílias pode crescer 5,4% ao ano e atingir 48 TWh em 2035. Por outro lado, caso venham a ser implementados índices mínimos mais rigorosos ao longo do horizonte analisado, o consumo de eletricidade evitado poderia atingir 15 TWh em 2035, equivalente a uma usina de 3,5 GW.

Atender à demanda por condicionamento de ar com medidas de eficiência energética cria uma interseção entre três compromissos internacionais assumidos pelo Brasil: o Acordo de Paris, por meio da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil; os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que apresenta metas estabelecidas sobre pobreza, saúde, educação, energia sustentável e segurança alimentar, entre outros, que devem ser atingidas até 2030; e a Emenda de Kigali do Protocolo de Montreal, que prevê reduções na produção gases refrigerantes responsáveis pelo aquecimento global.

Contudo, a nota destaca que sustentabilidade e a promoção da eficiência energética no Brasil envolvem algumas ações, como o reforço da base de dados, a avaliação de conformidade dos aparelhos, o reforço da base laboratorial, desenvolvimento de edificações eficientes, por exemplo, cujo sucesso depende da coordenação entre os diferentes agentes do mercado, incluindo o governo, distribuidores de energia, fabricantes e importadores de aparelhos, e consumidores.

Para acessar a nota, clique aqui.

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