O consumo de energia elétrica na rede em abril apresentou retração de 6,6% em relação a igual período do ano anterior, refletindo os impactos da pandemia da COVID-19 nas classes de consumo, principalmente, nas classes comercial (-17,9%) e industrial (-12,4%).
A classe comercial foi a mais afetada pelas medidas de isolamento social adotadas no país no combate à pandemia da COVID-19. O fechamento temporário de estabelecimentos e lojas do setor de comércio e serviços não essenciais impactou de forma expressiva as vendas do comércio (varejista e atacadista) e as atividades de hotéis e restaurantes, setores mais afetados negativamente. Com a redução da atividade econômica do setor, todas as regiões do país apresentaram queda no consumo de eletricidade na classe comercial, sendo que o Nordeste (-21,7%) e o Sudeste (-19,3%) foram as regiões que tiveram as maiores retrações no consumo. A região Sudeste, além de sofrer pelas restrições nas atividades de comércio e serviços, também sofreu influência do clima mais ameno em relação ao mês de abril de 2019. Mesmo com os ciclos de faturamento mais alongados, em relação à período equivalente do ano anterior, em algumas distribuidoras com participação expressiva no mercado total, esse efeito sobre o consumo da classe não foi suficiente para compensar a queda causada pela interrupção parcial da atividade econômica.
Na classe industrial, a retração de 12,4% reflete as quedas registradas em praticamente todas as regiões e segmentos de consumo monitorados pela EPE, com algumas exceções. Entre os segmentos industriais, o extrativo cresceu 1,7%, demonstrando menor impacto das medidas de isolamento social adotadas nas cidades, com destaque para as regiões Norte e Nordeste. Nessa última, houve a influência de uma planta extrativa de mineral metálico não-ferroso, que retornou sua operação no final do ano passado no Estado da Bahia. Na região Norte, o consumo industrial (+7,9%) continuou sendo afetado de forma positiva pelo efeito estatístico de base baixa da metalurgia dos metais não-ferrosos. Tal efeito também ocorreu na região Centro-Oeste (+1,6%), no segmento de ferroligas, de modo articular.
Por outro lado, o consumo residencial foi afetado de forma positiva pelas medidas de isolamento social, apresentando crescimento de 6% em abril. Esse resultado também foi influenciado, em grande medida, por ciclos de faturamento com mais dias em relação à período equivalente no ano anterior nas distribuidoras com participação significativa no mercado de distribuição. Descontado esse efeito, o crescimento verificado na classe residencial em abril seria em torno de 2%. Na região Sudeste, que corresponde à metade do consumo na classe residencial, a taxa de +1,1% passaria a cerca de -1,0% sem o efeito do ciclo de faturamento, refletindo também a influência do clima mais ameno comparativamente a abril de 2019.
Nos links a seguir, além de poder baixar o arquivo da Resenha, você também pode ouvir o nosso podcast com a analista de pesquisa energética, Lena Santini.